Sapatilha de balé cor de pele nos ensinou como o racismo está nos detalhes
Um post muito lindo da bailarina Ingrid Silva viralizou no Twitter. A sua emoção em, pela primeira vez na vida, usar uma sapatilha de balé com o tom da sua pele encantou os internautas.
Ela recebeu cumprimentos e homenagens por essa grande conquista:
e pudemos perceber que essa é uma luta que ela trava há algum tempo:
O tuíte da bailarina, ao viralizar no Twitter, levantou um ponto importante da sociedade atual, que é o racismo sutil, aquele expresso nos pequenos detalhes.
Algumas pessoas sequer entenderam a referência:
Que os usuários esclareceram:
A própria Ingrid respondeu alguns internautas:
Ingrid mostrou um pouco da sua rotina de pintura:
Nas respostas, muitas pessoas diziam nunca ter reparado que só havia sapatilhas cor de rosa. Elas sempre foram dessa cor para combinar com o tom da pele das bailarinas –o balé clássico surgiu na Itália renascentista, mas foi na Rússia que se desenvolveu até chegar ao conceito de balé clássico que conhecemos hoje.
Mas, claro, o estilo de dança se espalhou e hoje há bailarinas clássicas no mundo, o que evidenciou a falta de diversidade de tons de pele nos acessórios. Quem foge do padrão imposto precisa pintar suas sapatilhas para que elas não destoem da linha formada pelos braços e pernas. Para não "quebrar" a linha da bailarina, como se diz na linguagem do balé.
É incrível que tenha demorado tanto para que Ingrid encontrasse uma sapatilha pronta do seu tom de pele, mas esse dia chegou. E foi um marco.
Foi um grande momento na carreira da excelente bailarina Ingrid Silva e também um passo importante para o nosso aprendizado. Não adianta negar o racismo, temos que perceber e combater suas manifestações até nos pequenos detalhes.
Que esse pequeno grande passo faça com que as meninas negras dessa e das próximas gerações possam se sentir mais motivadas a praticar a arte da dança, porque se sentem representadas.
É como disse a própria Ingrid: "A arte, em comunidades ou fora, acaba salvando vidas. Não são bobeiras. São coisas que podem revolucionar o mundo e as pessoas não estão conscientes"
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